Prof. Antônio Carlos Alvarenga Balthazar
 

Prof. Antônio Carlos Alvarenga Balthazar

Admissão em 01/03/1973
Aposentadoria em 22/03/1993

"No final de 1972, começo de 1973, chegamos em Brasília, procuramos informações de onde poderia haver mercado, locais em que o professor pudesse trabalhar, e fomos informados de que na universidade tinha um Centro Desportivo e que tinham alguns professores que trabalhavam aqui. Então, nós viemos para a universidade, para o Centro Desportivo. Depois, veio a obrigatoriedade da Prática Desportiva para os alunos, que ia ser oferecida para todos os alunos da universidade. Com essa obrigatoriedade, aventou-se a necessidade de a gente se tornar uma unidade isolada pelas próprias especificidades da nossa atividade. Acho que nessa época foi que surgiu a ideia de se criar o Departamento de Educação Física era uma unidade pertencente à Faculdade de Ciências da Saúde.  A gente tem um sentimento de orgulho, de dever cumprido, vamos dizer assim, porque hoje a universidade está consolidada, reconhecida, está entre uma das melhores Faculdades de Educação Física do Brasil, um curso bem-conceituado, então a gente sente orgulho de ter feito parte de tudo isso, de ter sido o embrião, as dificuldades não foram em vão." (Trechos da entrevista concedida em 26/09/2018 ao CEMEFEF/UnB).

 

Homenagem ao Professor Antônio Carlos Alvarenga Balthazar

 

Aldo Antônio de Azevedo

 

Na presente apresentação, gostaria de registrar o prazer e a emoção de ter participado do projeto sobre a memória da Faculdade de Educação Física (FEF) da Universidade de Brasília (UnB), especialmente por ter sido o entrevistador do Prof. Antônio Carlos Alvarenga Balthazar, mais conhecido como Balthazar por todos os alunos daquela época, desde a década de 1970, do século XX.

 

Conheci Balthazar durante a disciplina Basquetebol I, obrigatória no curso de licenciatura em Educação Física, sob sua responsabilidade. Na ocasião, pude assimilar não só os conhecimentos básicos do esporte, mas algumas nuances da vasta experiência de Balthazar no que se refere às sequências pedagógicas para o ensino dos fundamentos técnicos. Foi meu primeiro contato com o basquete, pois, até então, só praticava futebol de salão (atual futsal). Pude apreciar, ainda, algumas das características marcantes do professor, como a seriedade na condução da disciplina, a preocupação constante com o ensino, o conteúdo básico, além do grande ser humano que sempre foi.

 

Balthazar sempre valorizou o interesse e a participação dos alunos na disciplina. As aulas, naquela época, aconteciam no ginásio do Centro Olímpico (CO). A pontualidade de Balthazar era diária e, por vezes, antes de iniciar a aula, pude apreciá-lo jogando duplas com alunos de Prática Desportiva (PD) ou da nossa disciplina. Comecei a jogar duplas e aprendi muito com a experiência da disciplina. Foi tão marcante esse aprendizado que, na disciplina Estágio Supervisionado, realizada em uma escola da então Fundação Educacional do Distrito Federal (FEDF), escolhi o basquete como modalidade esportiva para minhas aulas. 

 

Essa bagagem adquirida tem o lastro dos ensinamentos de Balthazar na minha formação. É certo que a prática constante aperfeiçoa os fundamentos de qualquer esporte, mas o princípio de tudo, seus detalhes técnicos, além da sensibilidade do mestre para com seus alunos é a base de sustentação da confiança, segurança e formação geral de um futuro professor. Não há como não me lembrar de momentos pedagógicos, de observações e das percepções de um mestre em situações cotidianas de uma aula de basquete, até mesmo quando assistimos a jogos desse esporte.

 

Ressalto como marcante o fato de que fiz concurso para ingresso no então Departamento de Educação Física (EDF), atual FEF, exatamente para a vaga deixada por Balthazar, logo após sua aposentadoria. Sempre que nos encontrávamos no EDF, conversávamos um pouco sobre a profissão e sobre colegas que se formaram na UnB – onde estavam trabalhando na FEDF ou em outros locais. Ao ser aprovado no concurso, senti que ele valorizava o fato de ter tido um ex-aluno que estava ingressando na carreira universitária. 

 

Antes de ser convidado para entrevistá-lo, fui informado de que ele havia me escolhido como seu entrevistador. Essa escolha só reforçou meu conceito sobre o professor e o ser humano, além das memórias que aqui descrevo. Antes, em alguns domingos, já havia encontrado Balthazar e sua esposa na Igreja Santo Expedito na Asa Norte. Lembro que, após uma missa, conversamos brevemente sobre a FEF, sobre seu filho Rogério, meu ex-aluno, e sobre curiosidades, como o fato dele gostar de violão e de ter estudado no Clube do Choro em Brasília.

 

A experiência da entrevista com Balthazar teve momentos de conhecimento, de histórias sobre a sua formação profissional, de volta ao passado, mas, acima de tudo, de emoção. A descrição acerca da sua formação em Educação Física em São Paulo até sua chegada a Brasília, em especial no EDF/UnB, demonstrou sua paixão pela área e o espírito de ser um dos pioneiros que carregou o piano no início de tudo. Pude perceber sua grande parcela de contribuição na construção do EDF nas entrelinhas das suas palavras e nos instantes em que se emocionou. 

 

Como entrevistador, por trás de câmeras, por vezes, tive que quebrar um pouco o protocolo para me emocionar com a volta ao passado a partir das palavras de Balthazar. Após a entrevista, caminhamos até o alambrado do campo de futebol, ocasião em que contemplei o silêncio e ouvi algumas palavras que expressaram a saudade do grande professor Balthazar ao retornar ao CO, não mais do EDF, mas da FEF.

 

Termino essa apresentação entendendo que as trajetórias são mais ricas e determinantes em nossas vidas do que nossos pontos de chegada, como percebi ao entrevistar Balthazar.