Prof.ª Maria Rute Jácome de Campos Cavalcanti
 

Prof.ª Maria Rute Jácome de Campos Cavalcanti

Admissão em 01/03/1973
Aposentadoria em 07/03/1996


"O que eu posso deixar aqui são minhas lembranças, as lembranças das primeiras colônias de férias feitas aqui, as lembranças das arbitragens com os alunos aí por fora. Não se esqueçam da história, do passado, é só o que eu peço. Não é só ser professor e entender de esporte, de natação, disso, daquilo. Não. Você tem que ter cultura, conhecer artes, conhecer política, conhecer história para poder falar. Então, eu peço muito aos alunos, o legado que eu posso deixar para os alunos é que não se bitolem, ampliem o leque, lendo muito. Leia, procure se informar; converse com pessoas que viveram aquela época, se é que elas ainda estão por aqui; se instrua; aprenda línguas; procure ampliar; seja criativo ao máximo, a criatividade nos impulsiona, nos eleva; e seja humilde, tenha humildade, não exagerada, tudo na medida certa. Não tenha dó de dar o sangue. Eu doei meu sangue aos meus alunos e tenho o maior agulho disso, porque o que eu abri de portas para pessoas maravilhosas... Os alunos têm que se sentir acarinhados, amados e abraçados pela profissão, mas abraçados sentindo confiança, com os professores ali: “estamos aqui, vamos embora, continue o meu trabalho”. É assim que tem que ser. Temos que respeitar, temos que voltar a respeitar. Eu estou achando bárbaro isso, porque isso é memória, e um país sem memória não tem identidade, não pode exigir, não existe, é um país morto, já nasce morto." (Trechos da entrevista concedida em 14/09/2018 ao CEMEFEF/UnB).

 

Homenagem à Professora Maria Rute Jácome de Campos Cavalcanti

 

Luíz César dos Santos

 

Maria Rute foi uma professora marcante na minha formação acadêmica e acredito que também na de muitos outros alunos. O que mais me lembro dela é a sua vitalidade, disposição e sua grande presença no então Departamento de Educação Física (EDF) da Universidade de Brasília (UnB). O primeiro contato com a professora foi durante a preparação para o desfile dos Jogos Universitários do Distrito Federal. Naquele momento, alunos e professores eram muito envolvidos nas competições universitárias, e a apresentação das equipes durante o desfile de abertura era muito importante, pois contava pontos para as universidades. Se não estou enganado, a UnB sempre foi a campeã do desfile enquanto a Prof.ª Maria Rute estava a frente da nossa preparação. Era um momento de muita descontração e integração entre os alunos novos e os veteranos, porém com muita disciplina para decorar a coreografia coordenada pela fala empolgada da professora.

 

Uma grande defensora da dança dentro da Educação Física, a professora e bailarina Maria Rute travou muitas batalhas dentro do departamento para garantir um espaço adequado para as suas aulas. O sonho da sala específica para as atividades de dança só foi realizado no final de sua carreira. Até hoje, lembro-me do trabalho final que realizei na sua disciplina de Formação Rítmica sobre o ritmo nas atividades esportivas. Além de todo o aprendizado nessa disciplina, acredito ter incorporado da Prof.ª Maria Rute a alegria da docência. Eu ficava ansioso pelas aulas de Formação Rítmica. A Prof.ª Maria Rute era uma pessoa muito ativa e disponível para os alunos. Nas aulas, os conteúdos se misturavam com momentos de descontração, gritos empolgados da professora e ritmos musicais.

 

Além das atividades acadêmicas, a professora era muito envolvida em atividades comunitárias e de extensão. Utilizando o horário do almoço, ela coordenou um grupo de dança na UnB que chegou a fazer apresentações no exterior. Foi por meio desse grupo de dança (GEDUnB) que ela conseguiu realizar o sonho da construção da sala com tablado adequado para a prática da dança e para o desenvolvimento das aulas de Formação Rítmica no EDF.

Realizar a entrevista com a Prof.ª Maria Rute foi uma oportunidade muito especial para relembrar boas memórias da minha formação. A conversa foi muito agradável e os temas fluíram, revelando seu entusiasmo e engajamento com a Educação Física. Além de recuperar passagens históricas do EDF, seus relatos reafirmam a alegria de ser professor. Obrigado por fazer parte da minha história.