Professor Osmar Riehl
 

Prof. Osmar Riehl

Admissão em 01/03/1973
Aposentadoria em 05/04/2017

"A Educação Física proporciona prazer, proporciona a compreensão do corpo do outro e do seu, seu desempenho. Às vezes, você precisa ajudar, é ajudado, enfim, é um complexo de tática, técnica envolvidos que cominam para você uma formação principalmente do caráter, dessa compreensão de vida que a gente tem que ter hoje e que é tudo um conjunto. Esse é o ambiente da Educação Física, um respeito ao outro. Isso é fundamental. Ainda estou em êxtase... Uma vida que a gente passou de alegrias e de tristezas em alguns momentos, alguns colegas já se foram, mas todos nós tínhamos uma defesa da Educação Física e nos portamos muito bem, tanto que o nosso curso sempre esteve bem referenciado nos rankings das escolas de Educação Física do Brasil e de Brasília também. A universidade é muito boa, porque nós não temos liberdade de expressão, acadêmica – seguindo os currículos, as exigências, os conteúdos –, porém você desenvolve uma liberdade de poder crescer e buscar novas informações. Eu acho que a gente tem que estar sempre alerta, sempre disposto a receber todas as informações, mesmo que às vezes você ache que elas não são pertinentes, mas tem algum conteúdo, alguma coisa boa que você tem que fazer." (Trechos da entrevista concedida em 17/08/2018 ao CEMEFEF/UnB).

 

Homenagem ao Professor Osmar Riehl

 

Alexandre Luiz Gonçalves Rezende

 

Ao cursar a disciplina Atletismo, tive a oportunidade de conhecer o Prof. Riehl. No primeiro dia de aula, ele pediu que respondêssemos algumas perguntas sobre nossos interesses e expectativas em relação à Educação Física. Foi uma estratégia escolhida para nos fazer refletir sobre a nossa dedicação ao curso e, portanto, à futura profissão e também para buscar uma aproximação afetiva com os alunos. Não tínhamos noção do significado dessas reflexões até quando, depois de alguns anos, ele me mostrou a minha ficha e pude verificar como os apontamentos daquela época correspondiam às minhas escolhas profissionais e pessoais. Fiquei emocionado. Para completar, na impressionante biblioteca particular que tinha em sua sala, um dos itens guardados era o convite de formatura da minha turma. Uma relíquia que eu não tinha mais e que ele me ofereceu de presente. Gestos como esses mostram o carinho em relação aos alunos, algo que costuma passar desapercebido no cotidiano.

 

O Prof. Riehl, para nós, correspondia à imagem de um esportista, pela sua forma física e pelo fair play que marca sua maneira de se posicionar. Quando se permitia uma atitude provocativa, logo em seguida, completava com um sorriso para equilibrar o clima e restaurar a afetividade. Lembro que tive que pesquisar para saber o que significava ter uma dieta ovolactovegetariana, uma opção alimentar que demonstrava o zelo dele pela saúde e o cuidado com seu corpo. Pouco tempo depois, terminei também optando por uma dieta sem carne vermelha, algo que reforçou a identidade entre nós. Por ocasião de uma viagem para aplicação de provas de capacidade física em algum concurso público, pedimos salada em um bom restaurante e foi a primeira vez que provei tomate seco. É algo simples, mas que demonstra o quanto temos que aprender uns com os outros e como é bom compartilhar experiências entre amigos.

 

Além do envolvimento com as atividades docentes, Riehl também se mostrou disponível para assumir responsabilidades na gestão universitária. Foi chefe e subchefe de departamento, vice-diretor de faculdade e membro da diretoria da ADUnB, funções que exigem dedicação e que não redundam em reconhecimento por parte da comunidade acadêmica. Quando soubemos que estava acometido de câncer, foi uma surpresa, pois era algo que não combinava com seu aspecto forte e saudável. Graças a Deus, conseguiu vencer a doença e seguir a vida normalmente, para alegria de seus familiares e de todos aqueles que se consideram seus amigos.

 

A oportunidade de entrevistar Riehl para o Centro de Memória da FEF foi gratificante. Ele teve a preocupação de destacar alguns pontos de sua trajetória profissional, mas, ao longo da conversa, não conseguiu ficar preso às anotações e, às vezes, nem às questões formuladas. Dessa maneira, creio que, aos poucos, conseguimos conversar e recordar lembranças que fazem parte das nossas vidas.

 

Tive, também, a oportunidade de conviver com o Riehl como colega na Educação Física. Desde o meu ingresso, fui bem recebido pelos pioneiros. Ele, juntamente com o Prof. Iran, o Prof. Alcir e o Prof. William, sempre se dirigiu a mim com consideração. Mesmo quando passei a fazer parte do corpo docente da UnB, nunca perdi o respeito e a admiração por aqueles que foram meus professores na graduação. Eles também, sempre que surgia uma oportunidade, gostavam de destacar que tinham sido meus professores, a fim de demonstrar como a distância entre professores e estudantes é pequena. No entanto, isso não é privilégio exclusivo meu. Cheguei a ouvir de diversas pessoas na Reitoria da UnB, inclusive de reitores, que tinham sido seus alunos e que guardavam boas lembranças das atividades realizadas na Prática Desportiva no Centro Olímpico (CO) da UnB. Sendo assim, junto-me a todos que foram seus alunos para agradecer pela vida dedicada à Educação Física e à UnB.

 

Obrigado, Riehl!